No capítulo 5 do livro “Boa Nova”, Humberto de Campos (Espírito) conta como eram os discípulos de Jesus e como o Mestre Amigo começou efetivamente a trabalhar com eles.
- Após breve descrição sobre os apóstolos, temos as recomendações iniciais de Jesus para eles. O Mestre diz: “(…) não tomareis o caminho largo por onde anda toda gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores (…)”.
- Mas a minha atitude, entre muitos que agem errado, faz mesmo diferença?
- Continuando as recomendações iniciais sobre as normas de ação que os discípulos deviam seguir, Jesus diz: “(…) buscareis a estrada escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos.”
- Recomendando aos discípulos que não percam tempo em discussões estéreis, Jesus diz : “Ide antes em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas de seu divino amor. Reuni convosco todos os que se encontram de coração angustiado e dizei-lhes, de minha parte, que é chegado o Reino de Deus.”
- Pede Jesus aos discípulos: “Reuni convosco os que se encontram de coração angustiado (…)”.
- Jesus pede aos discípulos que levem um recado aos angustiados: “E dizei-lhes de minha parte, que é chegado o Reino de Deus”.
- Recomenda Jesus aos discípulos que trabalhem para “(…) ressuscitar os que estão mortos nas sombras do crime ou das desilusões ingratas do mundo (…)”.
- Seguem as recomendações de Jesus aos discípulos: “Não exibais ouro ou prata em vossa vestimenta, porque o Reino dos Céus reserva os mais belos tesouros para os simples.”
- Recomenda Jesus aos discípulos, por onde passem: “(…) buscai saber quem deseje aí os bens do céu, com sinceridade e devotamento a Deus, e reparti as bênçãos do Evangelho com os que sejam dignos, (…)”.
- Mas Jesus ao dizer que não devemos forçar a evangelização de ninguém e ao recomendar que os discípulos buscam só os “dignos”, Jesus não se contradiz? Ele não frequentava a casa de homens comuns ou até mundanos?
- Continuando as primeiras instruções aos discípulos, disse Jesus: “Em verdade vos digo que dia virá em que menos rigor haverá para os grandes pecadores, do que quantos procuram a Deus com os lábios da falsa crença, sem a sinceridade do coração”.
- Jesus informa que os discípulos serão entregues aos tribunais dos homens e açoitados “nos seus templos suntuosos, onde está exilada a ideia de Deus”.
- Após prevenir os discípulos sobre as dificuldades de seus testemunhos futuros, diz Jesus: “Todavia, sabeis que acima de tudo está o nosso Pai e que, portanto, é preciso não temer, pois um dia toda a verdade será revelada e todo o bem triunfará”.
- Falando das pregações que os discípulos fariam futuramente, diz o Mestre: “Trabalhai pelo reino de Deus e não temais os que matam o corpo, mas não podem aniquilar a alma”.
- Esclarecendo sobre o que realmente deve ser temido, diz Jesus: “temei antes os sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência”.
- Respondendo à consideração de Judas Iscariotes de que nada pode ser edificado sem a contribuição de algum dinheiro, diz Jesus: “Será que Deus precisou das riquezas precárias para construir as belezas do mundo? Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com seus infinitos recursos”.
- Usamos sempre a palavra “mal” entre aspas porque, segundo orientação do Espírito da Verdade a nosso grupo de estudos:
a) Jesus sempre se refere ao “caminho largo, ou à porta larga” como as facilidades enganosas que, para facilitar a nossa vida, buscamos no mundo;
b) O problema é que buscamos as portas largas sem nos preocupar com as consequências que isso trará para os outros;
c) Quando quero furar a fila no banco ou no supermercado; quando jogo papéis ou plásticos na rua; quando desperdiço toda e qualquer coisa —pode parecer uma pequena facilidade para mim;
d) Mas a soma de pequenas facilidades egoístas causam grandes problemas coletivos;
e) Não é necessário comentar os enormes problemas sociais que todos os tipos de corrupção e atos de desonestidade provocam em nossa sociedade;
f) Um exemplo: quando você compra artigos piratas ou roubados, você tem uma vantagem momentânea que com certeza lhe trará grandes problemas no futuro;
g) Você está ajudando a tirar milhões de empregos honestos que poderiam tirar muitas famílias da dificuldade;
h) Você está ajudando o crescimento do crime e da corrupção generalizada;
i) Sem ter quem compre, o atravessador não comprará do criminoso que contrabandeou ou roubou as cargas;
j) É melhor consumir menos, mas honestamente;
k) E não vale dizer que os comerciantes e os altos impostos abusam —o erro deles nunca justificará o nosso;
l) A sua evolução é trabalho seu, e nunca dos outros;
m) Cada um sempre responderá pelos seus atos;
n) Como podemos ver, este ensino de Jesus é mais atual que nunca.
a) Se cada um é responsável pela sua evolução, nós podemos sim começar a melhorar o mundo —não fazendo tudo aquilo de errado que desaprovamos nos outros;
b) Com que moral podemos desaprovar qualquer tipo de ato de desonestidade, se praticamos os pequenos atos de desonestidade como se fosse normal?
c) Da mesma forma que a somatória dos pequenos males criou o caos em que vivemos, a somatória dos pequenos bens corrigirá tudo;
d) Se Deus cria o Reino dos Céus somando os átomos de nossos corações cheios de amor, nós vivenciaremos o Reino do Céu em nosso plano físico enchendo de amor o nosso coração;
e) E só faremos isso parando de querer levar vantagem em tudo, ou seja, optando pela porta estreita do esforço próprio e da honestidade.
a) Aqui é preciso entender bem a época em que o Mestre falava;
b) Ele estava prevenindo os apóstolos sobre tudo o que iriam passar;
c) Nós já vimos que, hoje, as únicas coisas que temos que sacrificar pelo bem de todos (e também pelo nosso) são nosso orgulho e nosso egoísmo;
d) Tomando a vacina da Caridade;
e) Ao invés de criticar, ensinaremos da melhor maneira: dando o bom exemplo;
f) Mostrando como agir, para nos transformarmos em átomos de coração cheio de amor e ensinar como se vivencia o Reino dos Céus em nosso plano físico.
a) Somos ovelhas perdidas porque nos desviamos, por orgulho e egoísmo, da prática do amor ao próximo, recusando a vacina da Caridade;
b) A passagem “voluntariamente desterradas de seu divino amor” é muito significativa;
c) Em primeiro lugar, significa que Deus nunca nos deixa de dar o seu amor;
d) Nós, pelo nosso comportamento errado, é que ficamos sem condições de senti-lo;
e) Daí o voluntariamente;
f) Mas também pela prática de Caridade, vivenciaremos o Reino de Deus, ensinando como fazer pelo exemplo, trazendo este reino também para nosso plano físico;
g) Basta que voluntariamente queiramos deixar nosso desterro, amando nosso próximo.
a) Vale lembrar que o rico também fica de coração angustiado;
b) Um exemplo é a passagem evangélica de Zaqueu, que era rico;
c) Creia: a angústia do rico é muito maior que a do pobre (pobreza, não miséria);
d) Por que ele vive perdendo o sono, com medo de perder dinheiro em suas aplicações?
e) É uma forma difícil de se afastar do amor de Deus —trocá-lo pelo deus sucesso;
f) Jesus diz para que se procure os angustiados, porque sabe que nesta situação ficamos mais acessíveis a Deus e aos seus ensinamentos;
g) Isso porque ninguém gosta de sofrer. A partir do momento em que encontramos uma solução, vamos nos dedicar com afinco a ela.
a) A chegada do Reino de Deus significa a chegada da solução das aflições;
b) A solução das aflições é a vacina da Caridade, que não só evita que você caia em aflição, mas também cura as que você já tem, pela prática do amor ao próximo;
c) Com isso você deixará de se afastar do amor de Deus, voltando a colocá-lo em seu coração;
d) Tornando-se um átomo que comporá esse infinito Reino de Amor.
a) Afastar-nos do amor de Deus, por deixarmos de amar nosso próximo, é literalmente morrer, momentaneamente, para a felicidade;
b) Felizmente somos Espíritos imortais, e em seu amor Deus jamais permitirá que sejamos infelizes para sempre;
c) Portanto, teremos que ressuscitar a felicidade em nós;
d) E novamente, a perfeita receita de Jesus é a vacina da Caridade.
a) Aqui pode parecer que Jesus condena a riqueza, pois o Reino dos Céus reserva os mais belos tesouros para os simples;
b) Porém, Jesus não condena a riqueza —mas a ostentação de riqueza;
c) Afinal o pobre também pode ostentar riqueza;
d) Se não fosse assim, os produtos piratas não venderiam tanto;
e) Quando você ouve dizer que alguém pagou cinco milhões de dólares por um vestido usado por uma atriz famosa, o que pensar?
f) Quanto benefício se poderia fazer com esse dinheiro?
g) Pagar cem milhões por um quadro então…
h) O que nosso Mestre condena é o mau uso da riqueza, quando ela é usada para ostentar poder;
i) Que diferença faz você vestir um jeans de mil reais ou de cem reais? Eles não vestem do mesmo jeito?
j) Hoje mais que nunca vemos como Jesus estava certo;
k) A ostentação ficou tão intensa que deixamos de valorizar o que somos para valorizar apenas o que temos;
l) A roupa deixou de ser uma vestimenta, o carro passou a fazer parte integrante de nosso corpo, o prato caro passou a alimentar mais que o alimento saudável etc;
m) A companhia da família perdeu lugar para os ambientes de ostentação;
n) E veja que nem rico precisa ser: basta querer ser rico.
a) Aqui Jesus deixa claro que nunca devemos forçar a evangelização de ninguém;
b) Todos temos o nosso tempo de aprendizado;
c) E Deus mostra isso, ao respeitar plenamente nosso tempo pela Lei do Livre-Arbítrio;
d) Mas como Deus também sabe que, por teimosia, poderíamos continuar escolhendo o caminho errado, e ele não quer que soframos para sempre, ele criou a Lei de Causa e Efeito;
e) Assim, podemos compreender quando erramos e buscar novamente o caminho certo;
f) E o Divino Mestre sabia disso melhor do que ninguém.
a) Cabe aqui uma explicação importante: “ser digno” pode dar a ideia de que somos premiados ou recompensados por nossas boas ações;
b) Mas a Caridade, como o próprio Jesus ensinou com o óbulo da viúva, é sempre desinteressada (ver também a epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 13);
c) E da mesma forma que não somos castigados, também não somos premiados;
d) Assim o que Jesus certamente quis dizer com “ser digno” é possuir a necessária boa vontade para receber as bênçãos do Evangelho;
e) É preciso entender a influência exercida pela cultura de época sobre o médium e também sobre o próprio Espírito comunicante —influência que chamaremos de animismo cultural;
f) Ainda, “ser digno” pode parecer depreciativo, pois o Mestre sempre procurou aqueles que sofriam e poderiam parecer indignos aos olhos da sociedade preconceituosa;
g) Porém ser digno, como vimos, neste contexto, significa estar já preparado para ser esclarecido;
h) E há pessoas dignas de esclarecimento entre pobres e ricos, ignorantes e sábios;
i) Portanto, nada seria forçado, e viria sempre no tempo correto de cada um.
Aqui Jesus explica duas coisas:
a) Primeiro, que ensinar a quem não está preparado é o mesmo que lhe dar uma arma que ele não saberá manipular. Imagine o que ele poderá fazer para os outros e para si;
b) Basta ver o que fazem os terroristas que usam suas religiões;
c) Segundo, que é grave usar as coisas de Deus para a conquista de bens terrenos;
d) Eis o porquê do freio do medo em certa fase de nossa evolução.
a) Aqui Jesus mostra de novo o quanto a ostentação é inútil e perigosa;
b) Ostentar é querer ser ou parecer melhor que os outros;
c) É ao mesmo tempo uma atitude de orgulho e egoísmo;
d) Se o orgulho vai contra a Humildade, o egoísmo impede a ação da vacina da Caridade;
e) E isto é contrariar o amor ao próximo, pois só conseguiremos amá-lo pela prática da Caridade;
f) Não vamos nunca nos esquecer de quando Jesus lavou o pé dos apóstolos, deixou claro que o maior em seu reino seria aquele que se fizesse o menor;
g) É impossível amar de verdade sem Humildade;
h) E sem amor no coração, não podemos ser o átomo do Reino dos Céus;
i) Toda ostentação, desde a menor, até a maior, sempre vai causar grandes problemas não só de ordem social, mas também do próprio equilíbrio do planeta;
j) É ela que cria a busca do supérfluo, que é sempre antinatural, gerando todos os abusos;
k) Nossa realidade atual mostra isso de forma contundente;
l) Mais uma vez a prova de que os ensinos de Jesus são sempre atuais.
a) Só o bem é eterno. O “mal” é sempre passageiro, e acaba sempre;
b) A supremacia dos atributos de Deus nos garante que tudo sempre acabará bem;
c) Portanto, é necessário confiar em todos os momentos.
a) Aqui Jesus confirma mais uma vez a existência do Espírito;
b) Além disso, deixa claro que só a alma é imortal, e que devemos portanto colocar a vida do Espírito acima de tudo;
c) É melhor sacrificar o corpo de carne, que é passageiro, do que manchar a alma imortal;
d) No Calvário ele nos mostrou isso de forma muito clara.
a) Quando fala do inferno da consciência, Jesus quis criar uma imagem forte, que mostra a ação de nossa consciência sobre nossas ações no “mal”;
b) É nossa consciência quem sempre nos alerta de nossas doenças morais, precisando da cura;
c) Somente o nosso orgulho pode abafar a consciência e não nos deixar entender os efeitos de nossos erros;
d) Sem ouvir esse alerta e buscar a correção, nossas doenças morais, gravadas em nossa mente, reagirão após nosso desencarne automaticamente, criando ao nosso redor os ambientes correspondentes aos nossos desequilíbrios;
e) Essa atmosfera psíquica nos fará sentir exatamente aquilo que fizemos os outros sentirem;
f) Até que possamos ter a chance de “mergulhar” no corpo de nossa próxima encarnação no “inferno” de nossos resgates;
g) Vale entender, porém, que só será vivemos o “inferno” quando nos negamos a resgatar nossos erros pelo amor, insistindo nos sentimentos “malignos”;
h) Porque poderemos resgatar pelo amor e transformar o “inferno” em motivo de muita felicidade;
i) Sempre somos, portanto, os construtores de nosso paraíso ou de nosso “inferno”.
a) Jesus, que foi o construtor de nosso planeta, não possuiu nada quando esteve entre nós;
b) No entanto, nem de longe alguém conseguiu fazer algo que se aproximasse do que ele fez;
c) Jesus mostrou para nós com sua vida e seu exemplo como são realmente infinitos os recursos do amor;
d) A riqueza material é sim necessária para a boa ordem do mundo;
e) Mas o que fará com que ela seja uma infinita fonte de recursos será sempre o amor com que ela for aplicada;
f) Sem amor, a riqueza material será sempre uma fonte de sofrimentos;
g) Pois a riqueza material é sempre composta de coisas precárias e transitórias: só os bens do Espírito são eternos.
a) O “mal” realmente não existe;
b) O que existe são formas dolorosas de aprendermos e evoluirmos;
c) Quando fazemos aquilo que chamamos de “mal”, também estamos evoluindo, pois estamos aprendendo “o que não fazer”;
d) Ao contrário, quando fazemos o bem fixamos o aprendizado mais rápido, pois aprendemos “o que fazer”;
e) Ao praticar o bem adquirimos sabedoria e também ensinamos pelo bom exemplo que deixamos;
f) É preciso entender também que ninguém nos faz o “mal” —se alguém pudesse fazer o mal a um inocente, Deus seria injusto, coisa que ele não pode ser;
g) Quando Jesus falou das bem-aventuranças, deixou claro que o “mal” por que passo é um resgate para mim e que, quando passo por ele com humildade, alcanço minha cura espiritual;
h) Ora, se os sofrimentos da vida ajudam e me curar, aquele que me fez sentir dor me ajudou a evoluir;
i) Quem me “prejudica”, portanto, é meu professor que, pela dor que me causa, me ajuda a evoluir, ajudando em meus resgates;
j) Assim jamais devemos ver nossos resgates como castigo, mas como oportunidades de aprendermos e, consertando nossos erros, evoluirmos;
k) Pensar desse jeito torna a vingança algo ilógico. Por que prejudicar quem nos ajudou? Devemos ser gratos a quem nos faça o mal, porque se complicaram evolutivamente para nos ajudar;
l) Assim desaparece até a necessidade do perdão: como pensar em “perdoar” alguém que nos ajuda?
m) Além do que, perdoar sempre traz a premissa de julgamento —e se nem Deus julga, o que nos faz achar que temos esse direito?
n) Devemos sempre esquecer o que nos fizeram e orar por aqueles que nos ajudaram a aprender pela dor;
o) Pois só Deus sabe quanto tempo e dores a mais seriam necessárias para o nosso aprendizado, caso não tivéssemos passado pelas dores que passamos.