No início do capítulo 7 do livro “Boa Nova”, Humberto de Campos (Espírito) explica o significado de “diabo” na época de Jesus: “A palavra ‘diabo’ era então compreendida na sua justa acepção. Segundo o sentido exato da expressão, era ele o adversário do bem, simbolizando o termo, dessa forma, todos os maus sentimentos que dificultavam o acesso das almas à aceitação da Boa Nova e todos os homens de vida perversa, que contrariavam os propósitos da existência pura que deveriam caracterizar as atividades dos adeptos do Evangelho.
- Quer dizer que essa história de diabo não existe?
- O livro “Boa Nova” conta sobre como os encontros do Mestre com os endemoninhados constituíam os fatos que mais impressionavam os apóstolos:
- Em seguida, Humberto de Campos (Espírito) descreve como Tadeu não conseguiu livrar uma mulher de seu envolvimento por Espíritos perturbadores.
- Pois é! Por que Jesus não converteu a todos ao Reino dos Céus, pela sua autoridade?
- Jesus pergunta a Tadeu: “Qual o principal objetivo de sua vida?” e Tadeu responde: “realizar o reino de Deus no coração”. Em seguida o Mestre explica:
- Em seguida Jesus faz uma afirmação muito importante: “Se buscamos atingir o infinito da sabedoria e do amor em Nosso Pai, indispensável se faz reconheçamos que todos somos irmãos no mesmo caminho”.
- Mas só isso que você disse não prova que não existe o diabo e os demônios.
- De onde surgiram essas ideias de satanás, demônios e inferno?
- Em seguida, quando Tadeu pergunta a Jesus se os Espíritos do mal são também nossos irmãos, eis a resposta do Mestre: “Toda a criação é de Deus. Os que vestem a túnica do mal envergarão um dia a da redenção pelo bem. Acaso, poderias duvidar disso?”
- Continuando a esclarecer o apóstolo Tadeu sobre os Espíritos que praticam o mal, diz Jesus:
- Insistindo Tadeu em perguntar por que não esclarecer a todos logo de uma vez, Jesus diz:
- Em seguida, o Mestre faz importantes esclarecimentos para todos nós, exemplificando como devemos trabalhar pela vitória da luz, mantendo-nos atentos aos nossos próprios deveres:
- Na sequencia, pergunta o Mestre: “Que diríamos de um rei justo e sábio que perguntasse a um só de seus súditos pela justiça e pela sabedoria do reino inteiro?”
- Quando esclarece que “a cada dia basta o seu trabalho”, o Messias está dizendo que, por causa de nossas limitações, devemos nos preocupar em fazer aquilo que sabemos.
- Jesus explica a Tadeu que “o adversário é sempre um necessitado que comparece ao banquete de nossas alegrias”.
- Retornando à inquietação inicial de Tadeu sobre o que ele precisaria fazer para conseguir, como o Mestre, afastar as entidades da sombra, diz Jesus: “Só a luz do amor divino é bastante forte para converter a alma à verdade”.
- Desejando destacar a necessidade de cada qual se atirar ao esforço silencioso pela própria edificação evangélica, diz Jesus, conforme se encontra dentro da narrativa de Lucas: “Quando o Espírito ‘imundo’ sai do homem, anda por lugares áridos, procurando, e não o achando diz: – Voltarei para a casa donde saí; e ao chegar, acha-a varrida e adornada. Depois, vai e leva mais sete espíritos piores que ele, que ali entram e habitam; e o último estado daquele homem fica sendo pior do que o primeiro”.
a) Essa explicação é muito importante: na época de Jesus, diabo, demônio, satanás etc. eram todos os seres humanos encarnados ou desencarnados que gostavam de praticar o mal;
b) A própria Mitologia não ensinava as penas eternas —você pode ver isso melhor na primeira parte do livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec;
c) Sem dúvida, quem começou com esses ensinos que contrariam todos os atributos de Deus —sobre alguém tão poderoso quanto Deus e dedicado eternamente ao mal— foi a Igreja.
a) O termo “endemoninhado” nada tinha a ver com estar envolvido pelo demônio;
b) Mas, como ele diz, por espíritos malfazejos, que nada mais são que os obsessores de hoje;
c) O apóstolo Tadeu ficava sempre muito impressionado com a forma que Jesus os afastava, com amorosa determinação e com a rapidez que o seu amor permitia;
d) O que nos mostra a melhor maneira de operar uma desobsessão.
a) Tadeu ficou chateado por não ter conseguido ajudar a mulher;
b) Pensava o discípulo: por que Jesus não lhes transmitia automaticamente esse poder?
c) Afinal, com isso poderiam estes trabalhadores do bem dominar com facilidade os inimigos do Evangelho;
d) Por que não se juntava, de uma só vez, todos os espíritos voltados para o mal e Jesus, com sua autoridade, resolvia em definitivo o problema?
e) Não seria bem mais fácil?
a) Isso só não acontece porque Deus não pode ser um tirano;
b) Senão Jesus nem precisaria fazer tal coisa —Deus mesmo já nos teria criado perfeitos;
c) E assim não passaríamos de belos robôs, sem vontade própria;
d) Pela Lei do Livre-Arbítrio, Deus nos dá plena responsabilidade por nossa evolução;
e) Isso inclui a felicidade por nossas conquistas, e também a felicidade do trabalho para superar nossas dificuldades.
a) Se ainda temos a necessidade de realizar o reino de Deus em nossos corações significa que ainda não fizemos, ou seja, que precisamos aprender a amar o próximo;
b) Como exigir de alguém aquilo que não temos?
c) Como querer ensinar a alguém a corrigir seu comportamento, se não sabemos fazer aquilo que queremos ensinar?
d) É por isso que atualmente os trabalhadores da espiritualidade sempre nos dizem que antes de querermos ensinar, é preciso aprender como fazer;
e) Porque, afinal, nosso exemplo ensina muito mais que as palavras.
a) Somos todos irmãos a caminho do infinito da sabedoria e do amor em Deus;
b) Todos estamos a caminho da perfeição, e chegaremos lá;
c) Jesus, em sua reaparição aos discípulos após sua morte, deixou para nós a certeza de que todos chegaremos lá, no infinito da sabedoria e do amor de Deus;
d) Independente de nossa situação, todos nos corrigiremos e chegaremos lá;
e) Não há deserdados do amor de Nosso Pai;
f) Não existem, portanto, demônios e penas eternas, infernos e castigos; apenas ensinamentos, aprendizados e a evolução para a perfeição.
a) Mais do que eu disse, o bom senso, a lógica e a razão provam;
b) Não há como entender Deus, a não ser como o SER SUPREMO;
c) Assim ele está acima de tudo o que possamos imaginar e também nem sequer imaginar;
d) Mas Deus só estará acima do que podemos imaginar se ele tiver a SUPREMA INTELIGÊNCIA e também a SUPREMA MORAL,
e) Como inteligência e moral são as duas asas da sabedoria, podemos dizer que o pai tem a SUPREMA SABEDORIA;
f) Sabedoria é usar bem o conhecimento e o poder que se tem;
g) Se Deus fizesse qualquer coisa de errado, um pequenino mal que fosse, ele já não seria mais o ser supremo, pois não teria a sabedoria suprema;
h) Se tudo no Universo é criação do Pai, que pensar de alguém que criasse um ser ou vários seres eternamente condenados à infelicidade?
a) De Jesus certamente não foi;
b) Jesus, sendo um Espírito perfeito, não poderia ensinar nada de errado;
c) Se Jesus não pode errar, Deus menos ainda;
d) E nós erramos, e muito —alguns de nós ainda fazemos grandes maldades;
e) Essa história de dizer que Deus é um ser humano como nós nada tem a ver com a realidade. É pura mitologia;
f) Nossa semelhança com Deus nunca pode estar em nossas formas materiais, que são sempre transitórias, mas em nossa realidade eterna, que é a espiritual;
g) E como Jesus só poderia ensinar o certo, quem erra é quem ensina o contrário de tudo isso —ou seja, quem ensina a existência de inferno, demônios, penas eternas, um Deus humano etc.
É por isso que, por intermédio de Humberto de Campos (Espírito), Jesus, o Espírito da Verdade e toda sua falange nos mandaram, através da segura mediunidade de Chico Xavier, “Boa Nova”, este livro ímpar, que esclarece o que Jesus realmente ensinou.
Não só para nós espíritas, mas para todos os que estão em busca da verdade cristã, da verdade sobre Deus, e como ele nos trata, independente de crença ou descrença, este é o melhor roteiro de que dispomos.
“Boa Nova” completa, desta forma, o caminho iniciado com “O Evangelho segundo o Espiritismo”, ao remover do Evangelho a Mitologia das Igrejas e mostrar o que Jesus realmente ensinou.
a) Aqui Jesus deixa claro que ninguém será mal para sempre;
b) Isso está totalmente de acordo com os atributos (as qualidades) de Deus;
c) Para deixar claro, o Mestre ainda diz com firmeza: “Acaso, poderias duvidar disso?”
d) Jesus nos deixa a racional e lógica certeza de que nós, através da evolução, é que buscamos a Deus, e que fatalmente chegaremos lá;
e) Independente de nossa situação, sempre seremos irmãos.
a) Irmãos nunca devem se combater;
b) O mal é apenas uma questão de ignorância de como fazer o certo;
c) Diz Jesus que devemos agir “(…) como o Pai trabalha incessantemente pela vitória do seu amor, junto à humanidade inteira”;
d) Deus olha sempre por toda a humanidade, e nunca privilegia ninguém;
e) E o seu amor sempre vencerá;
f) Nós nunca devemos julgar nossos irmãos, mas antes ajudá-los;
g) Se for para avaliar o comportamento de alguém, que seja para nos esclarecer, e também, pelo uso da Caridade, mostrar com o exemplo como ele deve agir.
a) “Acaso poderia nosso amor ser maior que o de Deus?”
b) Ou seja, poderíamos nós amar mais que ele?
c) Não seria vaidade de nossa parte querer adiantar a hora dos outros, quando nós mesmos precisamos de nosso tempo?
d) Diz ainda Jesus que nunca devemos fugir da boa luta, pela vitória do bem, por maior que seja a dificuldade;
e) E por maior que seja a nossa necessidade de esforço, nunca devemos esquecer de nossos deveres e obrigações;
f) Lutar pela vitória do bem é sempre esclarecer a verdade;
g) Quem quer estar com Jesus jamais deve compactuar com o erro;
h) Compactuar com o erro é fugir à boa luta através de atitudes de hipocrisia;
i) E é uma grande falta de Caridade, pois ao negar esclarecimento, permitimos que nosso irmão continue agindo errado.
a) “Os inimigos do reino se empenham em batalhas sangrentas? Não olvides o teu próprio trabalho”, ou seja, continue trabalhando pela vitória do bem;
b) “Padecem no inferno das ambições desmedidas? Caminha para Deus”: continue trabalhando pela vitória do bem, pois pelo teu exemplo mostrará como fazer;
c) “Lançam a perseguição contra a verdade? Tens contigo a verdade divina que o mundo não te poderá roubar, nunca”: a verdadeira felicidade está na consciência tranquila do dever da Caridade cumprido;
d) Isso porque a verdade divina é o trabalho pela vitória do bem, ou seja, a prática da Caridade em todas as ocasiões;
e) Por mais que se insista, a verdade não mudará nunca;
f) E não vamos esquecer que não existem meias verdades, mas compreensões parciais dela. Por isso é que as opiniões mundanas jamais poderão mudá-las;
g) Por maiores que sejam os bens materiais que se tenha, todos teremos que nos dobrar perante a morte;
h) Dando-nos um carinhoso “puxão de orelha”, Jesus deixa claro que quando desencarnarmos, nossa consciência não nos pedirá contas das obrigações que são de Deus —mas de nossas próprias;
i) Veja a total incoerência de querermos saber ou poder mais do que Deus
j) É nosso orgulho que nos leva a ter este “complexo de Deus” —deixemos este complexo de lado!
a) Fica evidente que Deus nos respeita muito, pedindo-nos apenas aquilo que formos capazes de fazer, jamais ultrapassando nossa capacidade;
b) A Parábola dos Talentos mostra bem isso;
c) A ele, com sua supremacia, cabe tais trabalhos;
d) Portanto, se nos sentimos sobrecarregados, nunca é por causa do que Deus nos pede, mas sempre porque tentamos tomar o lugar dele;
e) Eis ainda porque é importante entendermos que a vontade de Deus é a melhor para nós;
f) Com ela, com certeza, não nos sobrecarregaremos.
a) Ao cumprir com a Caridade que o dia me propõe, estarei seguindo a lição que Deus preparou para mim naquele dia;
b) Com humildade, reconhecerei que cada dia trará o exato trabalho que preciso para completar uma lição;
c) E a cada lição cumprida, terei um pouco mais de capacidade;
d) Com muitas lições humildemente cumpridas, vou conquistar mais capacidade, sem mesmo perceber —eis aí nossa Evolução Espiritual;
e) Só após cumprir com as pequenas lições do dia vamos adquirir condições de aprender coisas maiores;
f) Dessa forma, nunca vamos nos sobrecarregar —e receberemos sempre mais lições do Pai. Novamente a Parábola dos Talentos.
a) Devemos sempre olhar nossos adversários como nossos grandes professores;
b) Eles nos ensinam aquilo que não devemos fazer, quando estamos certos;
c) E o que devemos mudar, quando estamos errados;
d) Portanto não existem inimigos —mas amigos descontrolados;
e) E que estão prestando muita atenção no que fazemos;
f) Por isso insistir no certo e corrigir o errado —assim estaremos também sendo seus professores e ganhando excelentes amigos no futuro.
a) Devemos colocar amor em nossos corações, para que ele seja o altar de Deus;
b) Quando temos tal amor, sempre vibraremos esse mesmo amor para nossos irmãos;
c) Isso vai fazendo com que eles se sintam bem e queiram continuar se sentindo;
d) Como a nossa verdade real é querermos ser felizes —e aprendemos que só pelo amor ao semelhante é que conquistaremos essa felicidade— nosso coração vibrará Caridade pura: veremos a qualquer irmão como um filho ou amigo querido;
e) Eis mais uma vez o exemplo, falando muito mais que as palavras;
f) Por isso, “ninguém pode dar a outrem aquilo que não possua no coração”.
a) Eis a necessidade do que hoje chamaríamos reforma íntima;
b) Jesus deixa claro neste trecho como não adianta ao adepto da religião frequentar um culto e, depois disso, voltar para casa sem transformar seu coração e sua atitude;
c) A casa varrida e adornada é o ambiente livre de influências espirituais nocivas que o obsessor encontra após ser afastado;
d) Porém, se eu não mudo o comportamento que atraiu o obsessor, certamente vou atraí-lo de volta —ou ele, ou Espíritos ainda mais necessitados que ele;
e) Perceba —a responsabilidade pela obsessão é mais nossa que do obsessor!
f) Daí construir o Reino de Deus em nossos corações, aprendendo a amar o próximo pela prática da Caridade, daí a reforma íntima.