Continuamos o estudo do livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos (Espírito) com o capítulo 16, em que Tomé pede a Jesus que promova um sinal dos céus para demonstrar aos poderosos da época o seu poder.
- Jesus responde a Tomé com outra pergunta: “Por que pede esta geração um sinal dos céus?”
- Humberto de Campos conta que “alguns dos fariseus até queriam crer [em Jesus]; mas de acordo com suas exigências”.
- Aconteceu então de Tomé insistir para que Jesus atendesse às exigências dos fariseus bem aquinhoados de autoridade e riquezas.
- Após Tomé reiterar o pedido, o Divino Mestre responde: “Tomé, Deus não exige que os homens o conheçam senão no santuário do perfeito conhecimento de si mesmos. Eu venho de meu Pai e tenho de ensinar as suas verdades divinas. Nunca reclamei de meus discípulos as suas homenagens pessoais, apenas tenho recomendado a todos que se amem reciprocamente através da vida”.
- E para encerrar o assunto diz Jesus: “Julgas então, que o Evangelho do reino seja uma causa dos homens perecíveis? Se assim fosse, as nossas verdades seriam tão mesquinhas como as edificações precárias do mundo, destinadas à renovação pela morte, nos eternos caminhos do tempo. Os patrícios romanos e os doutores de Jerusalém não terão de entregar a alma a Deus, algum dia? Quem será desse modo, o mais forte e poderoso: Deus, que é o Pai de sabedoria infinita, na eternidade de sua glória, ou um César romano, que terá de rolar de seu trono revestido de púrpura, para o pó tenebroso da sepultura?”
- Tomé ainda insiste: “Mestre, compreendo as vossas observações divinas; no entanto, esses forasteiros desejam apenas um sinal de Deus nos céus”. Ao que responde Jesus: “Mas se são incapazes de perceber a presença de Nosso Pai, como poderão reconhecê-lo num simples sinal?”
- “Uma só lágrima que console e esclareça um coração atormentado, vale mais do que um sinal imenso do céu, destinado tão somente a impressionar os sentidos da criatura.”
- Depois de explicar sobre o que é redenção, diz nosso Divino Mestre: “O nosso sinal é o do amor que eleva e santifica, porque só ele tem a luz que atravessa os grandes abismos. Vai e não descreias, porque não triunfaremos no mundo somente pelo que fizermos, mas também pelo que deixarmos de fazer, no âmbito de suas falsas grandezas”.
a) Como sabemos a verdadeira fé não é apenas uma crença —é a total confiança. É a força que movimenta nossa vontade;
b) Mas, como em tudo, é uma conquista de nosso trabalho, e uma aceitação de nosso livre-arbítrio;
c) Sendo o livre-arbítrio o livre exercício da nossa vontade, ele nunca pode ser imposto;
d) Devemos livremente entender e aceitar;
e) E quem quer de verdade entender que Deus existe, basta olhar a natureza;
f) Em sua ação perfeita, ela nos fornece, por si só, tudo o que é básico para nossa existência;
g) E a maravilha de nossa máquina corporal?
h) Mesmo assim, há os que, vendo, não creem.
a) É necessário atentar para os Espíritas que estão se transformando em “Tomés”;
b) Tais “Tomés” estão tendo uma atitude de egoísmo e orgulho, como explica Jesus;
c) Não percebem que, com isso, estão reintroduzindo a mitologia em nossa Doutrina;
d) Só que inverteram a situação —fizeram de certos médiuns mitos infalíveis;
e) Tudo o que dizem estes médiuns mitificados é lei; não pode ser contestado;
f) O primeiro a ser transformado em mito foi o próprio codificador, Allan Kardec;
g) A palavra de Kardec se tornou irretocável, e tudo o que está contido na Codificação é imutável para estes Espíritas “Tomés”;
h) O mesmo foi feito com Chico Xavier, que com sua verdadeira humildade sempre nos alertou que não era perfeito e podia sim cometer erros;
i) Estão esquecendo o mais importante ensino contido na Doutrina, após o “Fora de Caridade não há Salvação”: a Fé Racional e os Atributos de Deus.
Obs: Tendo a palavra “Salvação” uma conotação mística e religiosa, achamos mais de acordo com a excelência do postulado da Caridade, que é válido em todas as situações da vida, trocá-la por solução: “Fora da Caridade não há Solução”.
a) Os que se deixam levar pelo egoísmo e orgulho assim procedem para tentar, de forma disfarçada, impor suas ideias;
b) Fazem de conta que dialogam, mas se negam a ter a humildade de se reconhecerem em erro;
c) Esquecem-se que compactuar com inverdades é distorcer a verdade e gerar confusão;
d) Se Jesus fizesse os “milagres” que queriam, seria o mesmo que o Mestre se colocar na posição de Deus;
e) Se Jesus fizesse isso, seria um ato de extrema vaidade —já que ele mesmo dizia que bom, só o Pai;
f) A única maneira de chegarmos à verdade é com nosso esforço e uso do livre arbítrio;
g) E o roteiro dado por Kardec, já vimos: Fé Racional e Atributos de Deus.
a) O Evangelho é um perfeito roteiro da Caridade e da Humildade;
b) Jamais devemos querer agradecimento ou retorno do bem que praticamos;
c) Fazer o bem é nossa obrigação;
d) O que devemos é agradecer a oportunidade de poder praticá-lo;
e) A oportunidade de praticar o bem é o único e real benefício que temos;
f) Tudo o mais que vier, é apenas acessório.
g) Notemos ainda que só o perfeito conhecimento de nós mesmo, nos fará conhecer Deus.
a) O Evangelho é a causa de Deus;
b) É por isso que Jesus, um Espírito perfeito, veio trazê-lo;
c) Não podia haver erros no Evangelho —e devemos considerar que tudo o que houver de errado nas escrituras não foi ensinado por Jesus;
d) Os erros dos Evangelhos foram enxertias dos homens, ainda imperfeitos;
e) Jesus mesmo previu que seus ensinamentos seriam distorcidos, e que pediria ao Pai que enviasse outro Consolador, que “ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que eu vos disse” (João, 14:26);
f) Este Consolador é o Espírito da Verdade, que conduz toda a Revelação Espírita, desde a época de Kardec, passando por Chico Xavier e até nossos dias;
g) Agora, que já estamos no Mundo de Regeneração, toda a verdade será restabelecida;
h) A mitologia será removida das palavras do Cristo, firmando a verdade sobre o Deus Amor, o Deus Consolador;
i) Jesus ainda deixa bastante claro que temos muito a aprender, pelo ciclo morte e renascimento, para chegarmos à perfeição;
j) Para só então podermos desfrutar, com Deus, da eterna felicidade na perfeição;
k) Porém, para isso, nosso foco tem que ser a conquista das virtudes espirituais, imperecíveis.
a) Nosso Pai: Pai dele Jesus e nosso. Portanto não há Santíssima Trindade;
b) Nosso Pai: Pai de todos nós. Portanto somos todos iguais. Ninguém é melhor que ninguém perante Deus —eis a verdade.
a) Eis uma frase que demonstra de forma completa o que é o Evangelho —a Caridade;
b) Importante para os médiuns, para que meditem por que têm pedido e usado os dons espirituais?
c) Jesus deixa claro que a Caridade vale mais que qualquer magia ou fenomenologia;
d) Daí a atitude genial de Kardec, em buscar o lado moral da Doutrina, ao invés de se preocupar com os fenômenos, como fizeram os Espiritualistas;
e) Na mesma época, os espiritualistas seguidores da linha inglesa pesquisavam apenas fenômenos, que apesar de ser importante em provar os fatos Espíritas, pouco acrescentam ao aspecto moral do comportamento humano;
f) Se o Consolador, segundo Jesus, é aquele que deve restaurar seus ensinos, não há dúvida que só a Revelação Espírita fará isso, ao buscar dar toda ênfase ao aspecto moral da vida e à Caridade.
a) Tanto na vida quanto nos trabalhos espirituais podemos ver a força do amor;
b) Não há dúvida de que só com amor podemos desfazer nossos erros;
c) Mas a Caridade nos ensina também que amar é também evitar as falsas grandezas do mundo;
d) Falsa grandeza é tudo aquilo que nos dá uma falsa sensação de poder;
e) Quando sou pobre e gasto todo meu salário na compra de uma roupa de grife, estou tendo a falsa ideia de que tal roupa me fará parecer melhor do que sou;
f) Sendo rico, gasto meu dinheiro em coisas supérfluas e caras, negando-me a ajudar quem precisa, iludo-me com a falsa ideia de um poder que não tenho;
g) Evitando tais atitudes, não corro o risco de me sentir superior aos outros, deixando-me levar por meros preconceitos;
h) Se busco ser superior, torno-me egoísta e orgulhoso;
i) E o orgulho e o egoísmo são males causadores de todo o sofrimento que existe na humanidade;
j) Após a crucificação, ao voltar a se encontrar com os discípulos, nosso querido Mestre, sabendo da ainda frágil fé de Tomé, manda-o colocar as mãos em suas chagas;
k) Aí Tomé compreende quando Jesus lhe disse, da cruz, que no Evangelho, o sinal do céu tem de ser o completo sacrifício de nós mesmos;
l) Então ele entende a imensa força que o martírio de um coração que ama produz;
m) É preciso entender, porém, que sacrificar a nós mesmos é deixar de lado nossa auto-adoração, que praticamos pelo orgulho e pelo egoísmo;
n) Na época de Jesus, o sacrifício do martírio era necessário —hoje basta sacrificarmos nossa auto-adoração, agindo com Humildade e Caridade, sempre.