Antes de tudo, vamos especificar bem que a visão espiritual de mundo nos leva a entender as consequências do aborto de forma completa, e nunca parcial, como a visão somente material. Sob esse aspecto, a única situação em que o aborto pode ser aceito é quando a vida da mãe corre perigo.
Parte 1: o lado humano
- Por que não abortar se não creio em Deus, nos Espíritos, na vida após a morte e na reencarnação?
- Mas se para mim a vida é uma expressão única da matéria, por que não abortá-la em seu início?
- Como fica então?
- Mas como afirmar que o embrião é uma vida humana?
- Mas apesar de tudo isso, e se a mulher (ou o casal) decidir pelo aborto?
- Mas e se o aborto for consequência de estupro?
- E o que fazer, então, com a gravidez em caso de estupro?
- Esta solução não é muito simples?
- E quanto aos anencéfalos?
- E quanto ao sofrimento dos pais?
- E quando adiciono a visão espiritual aos argumentos contra o aborto? Existe diferença?
- E o que isso tem a ver com o aborto?
- E quais as consequências do aborto no plano espiritual?
- Explique então primeiro o caso em que o abortado perdoou.
- E o caso em que o abortado não perdoou?
- Você não explicou por que ela ficou mal…
- Quer dizer que pais muito preconceituosos podem causar mais mal do que pensam?
- E existe algum outro caso que você se lembre?
- E a mãe?
- E os médicos ou parteiras que fazem o aborto?
- O que são ovoides?
- Mas as coisas não parecem assim “tão feias”…
- E como isso é feito?
- Não podemos fazer isso ainda durante a reencarnação?
- Você falou em dificuldades cármicas causadas pelo aborto. Poderia citar algumas?
- Mas isso tudo não é a condenação de quem aborta?
a) Antes vamos entender que, só por decreto, jamais evitaremos o desrespeito à vida;
b) Não somos também daqueles que achamos que o simples esclarecimento também o fará;
c) Dizer que, se fizermos isso, iremos para o inferno, menos ainda;
d) A única coisa que nos fará respeitar a vida é aquele sentimento íntimo, envolvendo o nosso coração, de que cada vida merece o mesmo respeito que queremos para a nossa;
e) Sabermos que cada vida merece a oportunidade de se expressar, buscando a felicidade, e por isso ser plenamente respeitada;
f) Crer ou não em Deus é uma questão pessoal.
a) Amigo, este pensamento é tão inconsistente que tal colocação mostra a total desvalorização da preservação da vida;
b) E se não é importante preservar a vida desde seu início, o que justificará sua preservação em qualquer outro momento?
c) Como impedir que uma criança que ameaça nossa vida seja exterminada?
d) De que forma dizer não a um pai que quer matar o traficante que acabou com a vida de seu filho?
e) Independente de quais os motivos que levam ao aborto, tal atitude será sempre uma fuga ao dever;
f) Lembremos que salvar a vida de uma mãe é sempre uma obrigação, mas somente em situação clara de risco de morte.
a) Apesar das conquistas de nossa civilização, é fato que insistimos em permanecer bárbaros;
b) Queremos uma vida de paz e tranquilidade e insistimos em valorizar a própria vida, em detrimento de outras;
c) Cultivamos o ferrenho egoísmo em não querermos preocupações;
d) Nossas preocupações que sejam aniquiladas, mesmo que seja uma vida em seu início;
e) Pergunto: se você fosse paraplégico, gostaria que lhe aplicassem, calmamente, uma injeção letal?
f) E ainda: se quem fizesse isso fosse sua mãe, por estar preocupada com todo o trabalho que você iria dar a ela?
g) Perceba que mesmo numa cadeira de rodas você teria como se defender;
h) Um embrião, nem essa possibilidade teria;
i) Qual barbárie seria maior?
a) Independente de todas as tentativas de distorcer a realidade, um fato prova isso de forma contundente: jamais um embrião humano gerou um chimpanzé ou qualquer outra forma de vida diferente da humana;
b) Além disso, a ciência material também já comprovou que o início da vida humana tem início de 12h a 24h após o encontro do espermatozoide e do óvulo, tempo necessário para que aconteça a fertilização.
a) Livre-arbítrio para isso eles têm;
b) Da mesma forma que você tem para concordar;
c) Porém, você perde o direito de reclamar do comportamento bárbaro de outras pessoas e das suas consequências em sua vida;
d) O direito à vida é o maior de todos os direitos;
e) E se você concorda que tal direito seja desrespeitado, como exigir que os seus sejam respeitados?
f) Se você considerar a humanidade como um grande organismo, constituído de vários órgãos, tais órgãos sociais só serão saudáveis quando tiverem seus direitos sociais respeitados, todos eles;
g) Mas se o maior dos direitos, que é o direito à vida, não é respeitado, como manter os órgãos sociais saudáveis?
h) Se você não respeita o bem mais precioso, que é a vida, o que você respeitará?
i) É claro que o aborto não é a causa de tudo, mas sem dúvida o aborto e o estupro são os maiores desrespeitos pela vida humana.
a) Como falamos, o estupro também é um dos os maiores desrespeitos à vida;
b) Negar o enorme sofrimento que causa, tanto para a mulher quanto para a família, seria algo inominável;
c) Dizer que a mulher deva aceitar isso seria um enorme desrespeito;
d) Porém, existe uma situação de difícil explicação: deveria o estuprador sofrer a pena de morte?
e) Por maior que seja a tentação em dizer “sim”, não seria retirar uma vida —e assim tornarmo-nos tão bárbaros quanto o estuprador?
f) E, ao pensar assim, abortar não é também retirar uma vida?
g) Ou seja, duas vidas retiradas, caso houvesse a pena de morte para o estuprador e a legalização do aborto;
h) Retirar uma vida é algo tão grave quanto cometer um estupro;
i) O fato de sermos vítimas de barbáries não nos dá o direito de nos tornarmos bárbaros;
j) Logo, nem assim o aborto, em caso de estupro, deve ser aceito.
a) Jamais poderíamos dizer que a mulher é obrigada a aceitar este filho;
b) Mas gestá-lo não significa aceitá-lo;
c) Geste-se a criança e que seja dada em adoção.
a) Não, amigo. Ela é muito difícil;
b) Mas, dentro do respeito à vida, ela é única.
Aqui a solução é simples: se não quisermos concordar com a barbárie e respeitar o direito à vida, deve-se levar a gestação até o fim.
a) Pais que têm um filho com grave paralisia cerebral não sofrem?
b) E mais que no caso da anencefalia?
c) Devemos concordar que seja aplicada nesse filho uma injeção letal, por causa do sofrimento dos pais?
d) Ou o correto é deixar essa vida se manter?
e) Relembremos o período da Inquisição Católica, em que se impunham preceitos sem nenhum respeito às leis sociais e à própria vida;
f) Estamos fazendo exatamente o mesmo quando desejamos que os Estados aprovem leis que autorizem o extermínio de vidas em sua fase mais precoce;
g) Perguntamos: como criticar os outros tipos de extermínio da vida com tal pretensão? Não será sempre exterminar uma vida humana?
h) Como condenar a Inquisição, se como ela, estamos querendo fazer prevalecer nosso arbítrio individual, bastante objetável, desprezando por completo a mais importante de todos os direitos, que é o da vida?
i) Como condenar os radicais de todos os tipos, que fazem exatamente o mesmo, quando tentam fazer prevalecer seus modos de pensar sem qualquer respeito pela vida, até pela própria?
j) Sem dúvida, a legalização do aborto é uma atitude ainda mais bárbara que a Inquisição, se levarmos em conta as conquistas sociais adquiridas desde então;
k) Como estranhar a violência que avassala o mundo?
l) Jamais o barbarismo dos outros nos dá o direito de sermos bárbaros, mas somente a obrigação de vermos o quanto isso é imoral, desumano e gerador de infindáveis conflitos de grande monta.
Parte 2: A visão espiritual
a) O que foi visto até aqui seria o suficiente para mostrar o grave erro do aborto, em relação ao direito à vida;
b) Mas a realidade da vida é muito maior do que a vida física;
c) O corpo físico se assemelha a uma roupa – uma roupa muito importante, mas apenas uma roupa;
d) Que sentido teria nós desprezarmos nosso corpo e dizermos que a única coisa que existe é nossa roupa?
e) Assim se comportam os que negam a existência, imortalidade e evolução do Espírito.
a) Se olharmos para a vida física como a única, com a morte acabariam também as consequências de nossos atos;
b) Porém, como o Espírito continua vivo, ele leva para o plano espiritual todas as consequências de seus atos, incluindo o aborto.
a) São muito variáveis;
b) Dependem se o abortado perdoou ou não;
c) Para simplificar a compreensão, daremos alguns exemplos de casos que tratamos em nosso grupo de trabalho.
a) Uma jovenzinha que conhecemos ficou grávida aos 16 anos e abortou;
b) Tomou essa decisão porque o namorado não assumiu e ela ficou com muito medo do pai;
c) Sob orientação espiritual, explicamos que o Espírito abortado tinha muita afeição por ela;
d) Ainda sob tal orientação, dissemos que ele havia perdoado, mas que insistia em reencarnar;
e) Dissemos ainda que ela não precisaria ter medo do pai, que iria ter grande amor pelo neto;
f) Ela engravidou novamente e teve um lindo menino;
g) Essa menina teve uma recuperação emocional muito grande pela confiança que aprendeu a ter no próprio pai;
h) Que “vivia de amores” pelo neto.
a) O nome de uma jovenzinha nos foi trazido ao trabalho, pois estava muito mal, na UTI, em função de um aborto;
b) Consultamos nossos orientadores sobre a possibilidade de trazermos o abortado para ser socorrido;
c) Assim que começamos, ele se comunicou por um dos médiuns do trabalho;
d) Não iremos descrever aqui seu estado, mas era lastimável;
e) Os trabalhadores desencarnados o adormeceram para colocar em ordem seu perispírito;
f) Pedimos ainda que, dentro do possível, socorressem a jovenzinha;
g) O orientador nos disse que seria necessário consultar os planos superiores, pois se ela fosse salva teria de engravidar novamente, em função de processos cármicos;
h) E neste caso ela pensaria em novo aborto, o que poderia complicar muito tal processo;
i) Disse ainda que o plano superior só autorizaria a salvação da jovem caso fosse avaliado que, pelo desenvolvimento de seu livre-arbítrio, ela não abortaria novamente;
j) E felizmente foi o que aconteceu;
k) Durante a madrugada, os médicos pediram para que os familiares, em Minas Gerais, fossem avisados, porque ela não teria mais dois dias de vida;
l) No dia seguinte, lá pela hora do almoço, a jovem teve uma recuperação repentina, que os médicos foram incapazes de explicar;
m) Depois de algum tempo, ela engravidou e novamente falou em aborto;
n) Fomos avisados e, com ajuda espiritual, falamos com ela, que decidiu então ter o bebê;
o) Na última vez que soubemos, ela havia se casado e tornara-se mãe de três filhos.
a) Porque o Espírito abortado se imantou ao perispírito dela, sugando sua energia vital;
b) E isso com tanta intensidade que se esta energia não fosse reposta espiritualmente ela não conseguiria fazê-lo sozinha e teria desencarnado.
Não tenha dúvida. E as meninas que abortam nesta condição têm menos responsabilidade espiritual que tais tipos de pais.
a) Este foi um dos casos mais dolorosos que assistimos;
b) Um Espírito se manifestou, em situação deplorável, em nosso grupo de trabalho;
c) Ele dizia através da médium: “Onde está meu corpo? Onde estão meus braços? E minhas pernas?”
d) O orientador nos explicou que o aborto havia sido feito pelo método de sucção: daí o corpo despedaçado;
e) Disse-nos ainda o orientador que seria recomendável recriar as partes do corpo no trabalho;
f) Isso porque ele estava muito assustado, mas sem nenhum rancor da mãe;
g) Demorou um pouco, mas com a ajuda fluídica dos médiuns o perispírito foi recomposto, e o abortado, mais tranquilo, foi levado adormecido pelos trabalhadores espirituais.
a) Em seguida, a mãe se comunicou em um estado de aflição que não conseguimos traduzir;
b) Por mais que tentássemos, ela não se acalmou;
c) Para não cansar a médium em excesso, eles a levaram sem nos dar detalhes.
a) Quando um aborto é feito com ordem judicial, as consequências são menos graves;
b) Mas não são nem um pouco agradáveis;
c) Já os que praticam o aborto, ficamos até com receito de dizer o estado em que ficam;
d) São estados muito dolorosos, e com certeza levarão várias encarnações para reparar tudo;
e) Na maioria dos casos que pudemos observar, tinham vários ovoides imantados em seu perispírito.
a) São Espíritos que, por intenso ódio, perdem a sua forma normal, ficando apenas com a forma ovoide do corpo mental;
b) Pelo ódio perseguem quem os abortou, imantando-se a seus perispíritos;
a) Nossa intenção com esse artigo não é aterrorizar, muito embora isso fosse possível;
b) Os processos de reequilíbrio cármico do aborto variam bastante;
c) Podem ser mais amenos ou muito dolorosos, mas sempre existirão;
d) As condições que podem levar ao aborto são muito diferentes, o que leva a maior ou menor desequilíbrio;
e) Desde a evolução no reino microscópico, o Ego (Espírito propriamente dito de Kardec), em sua fase mônada, começa a desenvolver, por processos de automatismo, os instintos de preservação e defesa da vida;
f) Isso ocorre por milhões e milhões de anos, sendo que tais instintos se completam no reino proto-humano;
g) Quando entramos no reino humano, temos, através dos instintos, uma gigantesca força a nos levar à nossa preservação e à preservação de nossa espécie;
h) Como você vê, Deus nada nos pede sem nos ter preparado antes;
i) Instintivamente, todos sabemos que o maior valor que existe é o da vida;
j) Assim, sempre que tiramos uma vida, estamos afrontando bilhões de anos de evolução;
k) O que gera em nós um trauma contrário à nossa natureza, que é evoluir;
l) Como isso não pode acontecer, pois nunca podemos retroceder no caminho evolutivo, será sempre preciso eliminar o trauma;
m) E isso só acontecerá quando aprendermos a fazer o contrário do que fizemos: preservar a vida.
a) Quando humanos, nosso psiquismo já está bastante desenvolvido;
b) E é através dele que nossa mente, que é espiritual, elimina nossos traumas no corpo físico;
c) Isso, contudo, dependerá muito de como agimos na reencarnação;
d) Se aceitamos as dificuldades causadas pelos nossos traumas sem revolta, e com paciência buscamos superá-las, sempre com amor, virá o cansaço, mas nunca o sofrimento;
e) Deixando-nos levar pela revolta, complicamos nossa situação, não nos curaremos dos traumas e sofreremos;
f) Como tudo isso acontece, depende de cada um de nós.
a) Os dois primeiros casos que citamos como exemplo mostram que sim;
b) Mostram ainda o quanto somo auxiliados pelo plano espiritual, que, se necessário, salva até nossas vidas.
Podemos sim, porém é preciso explicar que dificuldades semelhantes nem sempre têm como causa o aborto, podendo ter origem em outras causas:
a) Descontrole emocional;
b) Processos de depressão;
c) Processos de fobia;
d) Processos de insegurança e até síndrome do pânico;
e) Depressão pós-parto;
f) Descontrole hormonal;
g) Tensão pré e pós-menstrual;
h) Processos de obesidade mórbida;
i) Impossibilidade de engravidar para a mulher e infertilidade para o homem;
j) Certas dificuldades do sistema imunológico em combater infecções;
k) Aumento da probabilidade de câncer de útero, ovários e seios na mulher;
l) O mesmo em testículo e próstata para os homens;
m) É óbvio que só algumas poucas destas dificuldades acontecerão, e jamais todas elas;
n) Reiteramos que tais tipos de desequilíbrios da saúde emocional e física podem ter várias outras causas;
o) E é importante esclarecer também que, com paciência, boa vontade e amor, podemos não só amenizar muito, mas evitar total todos estes processos;
p) De qualquer forma, o melhor será sempre seguir o instinto de preservação da espécie, não abortando. Prevenir será sempre melhor que consertar.
a) Nunca. Avaliar uma situação é muito diferente de condenar;
b) Quando condenamos, estamos condenando uma pessoa;
c) Mas para condenar, é preciso avaliar;
d) Você não condena o ato do crime, mas quem o praticou;
e) Porém, o ato do crime você avalia;
f) É o que estamos fazendo aqui: avaliando se o ato de abortar é correto ou não, tendo como base o respeito à vida;
g) Lembremos que nem Deus pode nos julgar;
h) Somente nossa consciência pode fazê-lo;
i) Ou a consciência social, na figura das leis;
j) Então, se o maior direito é o direito à vida, como aprovar leis que permitam eliminar uma vida?