
Dando continuidade a publicação dos capítulos do livro “Kardec (em Espírito) corrige ‘O Livro dos Espíritos'”.
Deus possui a suprema bondade. Por isso, nunca castiga ninguém. Porém, ele tem a obrigação de me corrigir, pois só assim eu conquistarei a perfeita felicidade. Entendendo isso, aceito com tranquilidade as dificuldades e não sofro, pois sei que elas existem para corrigir meu comportamento e nunca para me castigar.
CAPÍTULO 27
(leia os capítulos anteriores)
320. Você fala de Deus como o cara mais legal do Universo. Qual é, então, a vontade de Deus?
a) Tanto as igrejas quanto o Espiritismo fazem muita confusão a esse respeito;
b) Quando na realidade a vontade de Deus é única: querer sempre o nosso bem e felicidade.
c) Pelos atributos da Onisciência, da Onipotência, da Sabedoria e de outros, todos supremos.
d) E um que nunca falamos que é o da Suprema Boa Vontade, que é um dos mais importantes atributos que temos que aprender a usar;
e) Pois só temos Boa Vontade, quando queremos fazer o bem: fato que não depende de nossa condição evolutiva;
f) Pela Boa Vontade Deus nos dá a condição de nunca fazer o mal, por mais primários que sejamos.
321. Só isso?
Sim. É através dessa única vontade que ele constrói toda sua infinita criação.
322. O que varia então?
São os meios que Deus usa para fazer tudo acontecer.
323. Mas se ele faz com que aconteça, como fica nossa liberdade?
Ela é determinada pela Lei do Livre Arbítrio.
324. E o que diz essa lei?
a) Ela diz que somos livres para agir, mas que nossa responsabilidade pelos nossos atos aumenta, de acordo com o conhecimento que temos daquilo que fazemos;
b) Isso porque quanto maior nosso conhecimento, maior consciência do que estamos fazendo;
c) Também para que nossa responsabilidade seja do mesmo tamanho de nossa consciência;
d) Entenda-se aqui consciência como saber o que está fazendo.
325. Quer dizer que quando éramos primários, tínhamos menos liberdade do que agora?
a) Claro. Não se dá a uma criança as mesmas responsabilidades de um adulto;
b) Deus sempre olha para a nossa verdadeira realidade, ou seja, que quando somos primários, somos Egos crianças;
c) Coisa que já não somos mais. Já somos Egos jovens.
326. E como Deus controla isso?
Colocando-nos sempre em meios apropriados ao nosso estágio evolutivo.
327. E o que muda com o nosso maior nível de consciência?
a) Os meios que ela usa para nos avaliar e corrigir:
b) Quando éramos Espíritos crianças, os meios eram mais suaves;
c) Agora eles são mais rigorosos e disciplinadores, para atender nossas necessidades de Espíritos jovens.
328. Por quê?
a) Se já somos espíritos jovens, é porque temos bem mais consciência do que fazemos;
b) E com isso aumenta nossa capacidade de fazer o “mal” e até barbáries;
c) Aumentando automaticamente nossa responsabilidade pelos nossos atos;
d) Por isso o rigor e a disciplina de nossa consciência.
329. Desculpe! Mas porque isso?
a) Por querer nosso bem e felicidade, Deus faz com que nossa evolução se faça sempre com o mínimo de dor e sofrimento, como vimos;
b) E a dor só é necessária, quando insistimos em usar “mal” o nosso livre-arbítrio.
330. Dá para explicar melhor o Livre Arbítrio e Deus não nos criar perfeitos?
a) Existe uma grande diferença entre ter vontade própria e ter uma vontade que alguém nos dá;
b) Um programa de computador (software) determina o que o computador deve fazer;
c) Logo ele é a vontade do computador;
d) Mas quem deu (programou) esta vontade do computador foi o programador;
e) Então a vontade do computador é a do programador e não dele;
f) E para Deus nos criar perfeitos ele teria que programar nossa vontade;
g) Portanto a vontade de todos nós seria de Deus, e não nossa;
h) Seríamos todos iguais e não teríamos o que fazer para sempre.
331. E com a vontade própria?
a) Nós a construímos com nosso esforço e trabalho;
b) Com isso construímos também nossa individualidade, e passamos a ser alguém;
c) Mas isso só é possível se tivermos a liberdade de ser o que quisermos ser;
d) Isso é ter vontade própria;
e) Isso prova que Deus jamais seria um ditador, o que combina com todos os seus atributos;
f) E também foi ensinado por Jesus, quando o Mestre explica a parábola do joio e do trigo: o Pai deixa que o joio cresça junto do trigo para que possamos exercitar nossa vontade no bem, em respeito à nossa própria supremacia como criaturas.
g) Em um planeta de Expiação e Prova, o joio seria os que estão em expiação e o trigo em prova.
332. Para Deus, o que é liberdade?
a) Para ser justo, Deus tem que nos tratar da mesma forma;
b) Assim a sua vontade de nos fazer o bem e que sejamos felizes, vale para todos;
c) E isso cria o verdadeiro conceito de liberdade: que ela só existe quando praticada com responsabilidade;
d) E responsabilidade significa o pleno respeito pelo direito de todos;
e) Portanto só temos o completo direito à felicidade quando usamos nossa liberdade com pleno respeito aos direitos de todos;
f) E isso só é plenamente possível com a prática da Caridade;
g) Liberdade sem Caridade é uma maneira ditatorial de agirmos, sendo irresponsáveis e desrespeitando os direitos dos outros. Seria a anarquia.
333. Mas não seríamos livres se fôssemos criados já perfeitos?
a) Os fatos da vida nos mostram que só somos felizes de verdade, quando trabalhamos para o bem de todos, e não só o nosso;
b) Logo a felicidade é consequência de nosso trabalho no bem de todos, sempre dentro de nossas possibilidades;
c) E quanto mais evoluímos, maior nossa capacidade de trabalho e de sermos felizes;
d) Mas se Deus nos tivesse criado perfeitos, como poderíamos ser felizes, sem ter o que fazer?
e) Não teríamos o que fazer por toda eternidade, e seria o eterno tédio;
f) Compreende porque Deus não nos criou perfeitos e nos deu o livre-arbítrio? Além é claro de outras razões já explicadas.
334. E as principais consequências disso?
a) Sempre que usamos nosso livre arbítrio para o bem, estamos desenvolvendo nossa vontade e evoluindo;
b) Isso porque todo aprendizado do bem dura para sempre, e serve de base para fazermos um bem maior. Lembremos da parábola dos talentos;
c) Quando usamos o livre-arbítrio para o “mal”, nos fixamos nele e deixamos de desenvolver nossa vontade (ideia fixa);
d) Ficamos estacionados em nossa evolução;
e) Mas temos que evoluir obrigatoriamente.
f) Porém só evoluímos quando fazemos o bem, pois só ele é eterno;
g) Então temos que corrigir o “mal”, pela prática do bem;
h) Mais uma vez, só sofrer não adianta. É preciso fazer o bem.
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335. Então porque respeitar a vontade de Deus, se ele não a impõe a nós?
a) É exatamente aí que está o segredo;
b) Por não impor sua vontade a nós, mesmo sabendo que ela é sempre a melhor, Deus mostra o quanto ele nos respeita;
c) O quanto ele respeita nossa liberdade, pois só assim Deus não se torna o supremo tirano;
d) Mas se Deus tem o amor supremo e nos criou para nos amar e nos fazer felizes, fica claro que essa será sempre a sua vontade;
e) Deus tem a suprema capacidade de fazer isso; ele realmente pode e faz;
f) E se sua vontade é que sejamos felizes e ele esquece de si mesmo, pois é dotado da suprema Humildade e da suprema Caridade;
g) Isso significa que, se aceitarmos livremente a sua vontade em relação a nós, nunca sofreremos.
336. Mas eu sofro! E mesmo as pessoas mais devotadas que conheço também sofrem! Como entender que vou parar de sofrer ao aceitar a vontade de Deus?
a) Se você entender que Deus só é capaz de fazer coisas boas, fica fácil aceitar;
b) Sentir dor é uma coisa, sofrer é outra, bem diferente;
c) Deus sempre respeita nosso livre-arbítrio, para que possamos construir nossa própria felicidade;
d) Mas, da mesma forma que Deus quer que você seja feliz, ele também tem o mesmo desejo para com todos seus outros filhos;
e) É por isso então que surge a Caridade, capaz de regular nossa relação com tudo ao nosso redor pelo “amar ao próximo como a si mesmo”;
f) Porém, se eu esqueço da Caridade e só penso no meu livre-arbítrio, posso cometer ações egoístas e que prejudiquem outras pessoas;
g) Que pensar de um pai que deixa o filho fazer o que quiser, sem lhe orientar sobre o que é certo?
h) Que pensaríamos de Deus, se ele, que é nosso Paizão celestial, deixasse que usássemos “mal” para sempre o nosso livre-arbítrio?
i) Deus, dessa forma, teria criado os demônios, aqueles seres mitológicos que se dedicariam sempre ao “mal”;
j) Mas além do livre-arbítrio e da Caridade, há outra lei que é a da evolução, e como vimos, todos nós um dia seremos perfeitos;
k) E para chegar lá, é preciso entender os próprios erros e corrigi-los, praticando o bem;
l) Corrigir erros sempre dá trabalho, mas nunca traz sofrimento;
m) Porém, se insisto no erro com meu orgulho ou meu egoísmo, pode ser que seja necessário algum tipo de dor para me fazer acordar;
n) É como a dor que você sente ao aproximar a mão do fogo. Tal dor existe para alertar sobre o erro, e não para causar sofrimento;
o) E proteger é um gesto de amor, nunca um castigo;
p) Portanto, aceitar a vontade de Deus e mudar de comportamento nada tem a ver com imposição, mas com a livre compreensão de que ela será sempre a melhor para nós.
q) Aqui também é importante saber que um dia teremos poderes semelhantes aos de Deus, que nos trará uma felicidade que sequer conseguimos imaginar.
r) Se isto não é importante, o que será?
s) Mas tal compreensão só é possível quando entendemos o Deus Amor. Por isso é importante mudar nossa noção sobre Deus.
t) Ainda, entendendo o tamanho do amor do Criador por nós, fica bem mais fácil amarmos nossos irmãos tão criaturas do Pai quanto nós.
337. Então quando Jesus nos diz que devemos aceitar a vontade de Deus, ele (Jesus) não está querendo nos obrigar a aceitá-la?
a) É claro que não!
b) Pois obedecendo ou não a vontade de Deus, nós fatalmente chegaremos à perfeição;
c) Mais rápido ou mais devagar, com ou sem dor, mas chegaremos;
d) Deus criou suas leis que nos farão chegar à perfeição exatamente para respeitar nossa liberdade;
e) Daí a necessidade da dor e até dos choques dolorosos, em função de nossas “maldades”;
f) Fazendo isso Jesus apenas está nos ensinando o melhor caminho para a felicidade.
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