O capítulo 8 do livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos (Espírito), narra a transformação da atitude mental de Bartolomeu, discípulo de Jesus que vivia triste, mas compreendeu a verdadeira essência dos ensinamentos do Mestre e aderiu, para sempre, à alegria suave e constante que traz o Evangelho.
- Tentando explicar o motivo de suas contínuas tristezas a Jesus e demonstrando ao Mestre seu pessimismo com as situações da vida, diz Bartolomeu: “Por toda parte é a vitória do crime, o jogo das ambições, a colheita dos desenganos…”
- Em resposta às colocações amargurosas de Bartolomeu sobre a vida na Terra, diz Jesus: “…mas não quero senão acender o bom ânimo no Espírito dos meus discípulos…”
- Jesus explica que, se o seu reino ainda não é deste mundo, ele não desprezou a oportunidade de começar a criá-lo, na certeza de que um dia ele o será. E diz: “Achas, então, que eu teria vindo a este mundo sem essa certeza confortadora? O Evangelho terá primeiro que florescer na alma das criaturas, antes de frutificar para o espírito dos povos”.
- Continuando suas considerações afetuosas, diz Jesus a Bartolomeu: “A vida terrestre é uma estrada pedregosa, que nos conduz aos braços amorosos de nosso Pai”.
- Sobre os diversos momentos em que Deus nos dá a oportunidade para que semeemos suas bênçãos, diz Jesus: “Em geral, os homens abusam desse ensejo precioso para anteporem a sua vontade imperfeita aos desígnios superiores, perturbando a própria marcha. Daí resultam as mais ásperas jornadas obrigatórias para retificação das faltas cometidas e muitas vezes infrutíferos labores”.
- O Mestre explica que, na nossa teimosia em usar mal o nosso livre arbítrio, podemos nos ferir com as pedras que nós mesmos colocamos em nosso caminho —e que poderíamos remover com bom ânimo. E só nos ferimos porque, com tal atitude, deixamos de ver todas as benesses que Deus coloca como bálsamo em nosso caminho.
- Poderiam perguntar então: qual é o conceito de liberdade?
- Ufa! Como implantar, na prática, esse conceito de liberdade individual, que respeita a liberdade dos outros?
- Em nossas andanças, sempre ouvimos: Como é difícil fazer isso! Praticar a Caridade e a Humildade!
- Questionado por Bartolomeu se o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente, responde o Mestre: “A verdade não exige, transforma”.
- Entendendo a razão das dificuldades presentes na vida terrena, Bartolomeu começou a ter bom ânimo:
a) “A nossa doutrina, entretanto, é a do Evangelho ou Boa Nova e já viste, Bartolomeu, uma boa notícia não produzir alegria?”, pergunta Jesus;
b) Que notícia melhor podemos receber que a da existência de um Deus Consolador, totalmente diferente daquele Deus humano com que estávamos acostumados?
c) Que alegria maior existe do que ter a certeza de que Nosso Pai e todos os Espíritos superiores que nos acompanham trabalham intensamente por nossa felicidade?
d) Quando abandonamos a visão mitológica de Deus trazida pelas igrejas, é impossível não deixar a tristeza e o desânimo para trás;
e) Se Deus trabalha sem descanso por nossa felicidade, tudo o que nos acontece na vida é para nos conduzir à felicidade eterna do Espírito;
f) Assim, compreendemos que não existe o “mal”, mas a correção dos erros de nosso passado, que a porta da reencarnação nos impede de enxergar para nosso próprio bem;
g) Não precisamos perder tempo com medos, ciúmes ou aversões —aqueles que nos fazem o “mal” nos ajudam a conquistar essa cura espiritual, e devemos a eles nossa gratidão e auxílio;
h) O Evangelho sem distorções vem abrir o campo infinito de nossa evolução espiritual e o futuro da eterna e plena felicidade;
i) Quer algo melhor que isso?
a) Nossa perfeição é trabalho nosso;
b) E só a conquistaremos ajudando nosso próximo também a conquistá-la;
c) Portanto, diante dos problemas e das dificuldades, temos que ter sempre o bom ânimo que nos traz a alegria de trabalharmos por resolvê-los, ajudando sempre nosso próximo, pelo exemplo e pelo esclarecimento, a também fazê-lo.
a) Eis algo que é profundamente atual em nossos dias;
b) O tempo para que o Evangelho floresça na alma das criaturas já está bem próximo do fim;
c) Temos apenas esse tempo de transição, de mais algumas décadas, que nos levarão à completa instalação do Mundo de Regeneração;
d) Mas como na casa de nosso Pai há muitas moradas, não é preciso esperar que o Reino de Deus esteja no coração de todos para alcançar melhores moradas;
e) Pois ou aqui na Terra, nos planos espirituais superiores, ou em outros mundos, isto já acontece há muito tempo;
f) Trabalhar para nos evangelizarmos, portanto, vale sempre a pena.
a) Se as dificuldades e problemas da vida (estrada pedregosa) nos conduzem aos braços de Deus, e ele sempre quer o melhor para nós, então:
b) Tais situações são os ensinamentos que Deus nos manda, para nos lapidarmos de nossas imperfeições, e evoluirmos para ele;
c) Portanto devemos sempre ter o bom ânimo ao enfrentá-las para resolvê-las, e nunca nos revoltarmos contra elas;
d) Se me revolto contra o remédio que vai me curar, perco a dose —e só atraso minha cura.
a) Importante ensino de Jesus sobre as causas de nossa infelicidade;
b) Se não somos obrigados a respeitar a vontade de Deus, já que ele nos dá o livre-arbítrio, não podemos nunca fugir às responsabilidades de nossos atos;
c) Tudo o que fizermos que venha a causar infelicidade a alguém, teremos que consertar, desfazendo o mal;
d) Daí Jesus dizer “infrutíferos labores” —pois só consertamos nossos males fazendo o bem;
e) Sofrer as consequências de nossos males só serve de alerta;
f) Porém, é preciso consertar, fazendo o bem;
g) E sempre que nos recusamos a fazê-lo, continuaremos a sofrer.
a) Para entender isso, é preciso entender bem o que é a verdadeira liberdade;
b) Em nossos dias, virou moda confundirmos liberdade com anarquia;
c) Se Deus criou a Lei do Livre-Arbítrio, para que possamos livremente desenvolver nossa vontade, ele também criou a Lei de Causa e Efeito, para entendermos os efeitos de nossos atos;
d) A Lei de Causa e Efeito não existe para nos castigar, mas para nos corrigir;
e) Pois existe uma coisa que nós sempre esquecemos chamada Justiça Divina, que nos iguala a todos perante ele;
f) É preciso deixar de pensar que Deus deseja apenas a nossa felicidade;
g) Ele deseja a felicidade de todos os seus filhos;
h) E não nos corrigir seria deixar imperar a anarquia —e isso geraria o caos, com o consequente sofrimento de todos;
i) Com a anarquia nunca seríamos felizes, como é a vontade de Deus;
j) Portanto, a anarquia é o oposto da liberdade, por só gerar a infelicidade;
k) E não existe maior prova disso do que o caos em que vivemos.
a) Só há liberdade quando, para cada direito que nos concedemos, exigirmos de nós mesmos o respectivo dever;
b) E sempre exigirmos de nós mesmos o respeito por todos os direitos de nosso próximo, como queremos os nossos respeitados;
c) E jamais usarmos nossa condição de destaque ou poder como motivo para termos mais direitos que qualquer outra pessoa, seja qual for a sua situação;
d) Ainda mais, entendermos que nossa condição de destaque ou poder apenas nos traz mais responsabilidades para com a sociedade;
e) E que qualquer situação que nos leve a negar isso seria um privilégio —se somos todos filhos de um mesmo Pai, não existem privilégios no Universo.
a) Jesus nos deixou as receitas: a Caridade e a Humildade, virtudes que anulam nossos mais terríveis inimigos, o egoísmo e o orgulho;
b) A Caridade e a Humildade serão conquistadas pela prática das bem-aventuranças.
a) Veja que engano nós cometemos: somos felizes sem a Caridade e a Humildade?
b) Com certeza não, por mais que queiramos nos enganar;
c) Portanto, difícil é não fazer a Caridade;
d) Vendo o que acontece com os que não fazem, quando desencarnam, é que vamos saber o quanto é difícil não praticar a Caridade e a Humildade;
e) Isso sem contar o que enfrentaremos, até aprender que é muito mais fácil ser caridoso e humilde;
f) Simplificar ou complicar é escolha nossa, ou seja, entender livremente que a vontade de Deus será sempre a melhor para nós;
g) Ou ficar patinando no sofrimento, até entendermos os danos que nossa teimosia nos causa.
a) Se já entendemos que Deus nunca nos castiga, mas nos ama e conduz ao bem, mesmo em nossos momentos de erro ou revolta;
b) Se conhecemos a verdade da vida espiritual, em sua eternidade de felicidade;
c) Se sabemos da transitoriedade da vida física;
d) Se nada levamos para a verdadeira vida, que é a espiritual, que não sejam virtudes e defeitos;
e) Por que insistirmos em nos apegarmos a uma vida que sabemos que logo vai acabar, quando temos ao nosso dispor a eternidade da vida espiritual?
f) O que significam alguns anos de trabalhos e dificuldades, diante da eternidade gloriosa que nos espera?
g) Não há dúvida, que quando tomamos posse dessas verdades, não há como não nos transformamos;
h) Mesmo que por interesse em sermos felizes, pois se há um interesse que devemos ter é de sermos verdadeiramente felizes!
a) Não mais discutindo com seus pais e seus irmãos;
b) Na impossibilidade do diálogo, ele aprendeu a guardar silêncio;
c) Aprendeu a mansidão, não discutindo com seus clientes;
d) Passou a tratar com carinho seus companheiros de trabalho;
e) Entendeu que qualquer atitude de competição será sempre um ato de vaidade;
f) Assim, Bartolomeu conseguiu colocar para sempre em seu coração o Reino dos Céus.